Valorização dos suínos superou alta dos insumos (milho e soja), dando poder de compra a criadores, mas segue abaixo do ano passado
O poder de compra de suinocultores independentes vem aumentando neste mês de agosto, frente aos principais insumos da alimentação (milho e farelo de soja), quando comparado ao mês anterior. Mas ainda está abaixo de julho de 2020.
Apesar dos preços do farelo de milho e soja estarem em alta, os preços do suíno vivo também avançam, e de forma mais intensa. No acumulado de janeiro a 17 de agosto, o suinocultor paulista consegue adquirir 4,3 kg de milho com 1 kg de suíno, de acordo com o Centre de Estudos e Pesquisas de Economia Aplicada (Cepea) — 3,6% a mais do que em julho, mas 43,9% abaixo do que em agosto do ano passado.
Já o farelo de soja está na proporção de 3,1 kg do produto para 1 kg de suíno, 5,3% a mais do que em julho, mas 18,3% do que em agosto de 2020.
A pesquisadora Juliana Ferraz, do Cepea, ressalta que a margem de preço do suinocultor segue apertada, por conta das perdas nos últimos anos, apesar da recuperação atual. “Esse movimento está atrelado à valorização tanto do animal quanto da carne, num ritmo superior à valorização dos insumos. Com isso, nesse mês, o suinocultor tem uma rentabilidade maior”, observa a especialista.
Segundo ela, os insumos devem continuar nos mesmos patamares de preços atuais. “O suinocultor vai tentar repassar o preço para o animal, e a indústria para a carne. Então esse movimento vai continuar”, pontua Ferraz. “A grande questão é o poder de compra da população, que está bastante pressionado pela pandemia. Então, há uma resistência muito grande em abssorver essas altas de preço”, acrescenta.