Por Luciano Roppa*
As últimas décadas definiram a atual suinocultura mundial, com o desenvolvimento e a implementação de novas tecnologias. Esse movimento, atrelado à competitividade do setor e à necessidade de uma maior produção tem proporcionado o uso de diferentes tecnologias e soluções simultâneas, que deram origem à nova suinocultura 5.0, que vai além do setor de suínos e que já ganhou o agronegócio e a agricultura mundial.
Muito tem se falado sobre as novas tecnologias e várias coisas vêm acontecendo há algum tempo na evolução da digitalização, tanto na pecuária como na agricultura. Muitas pessoas dizem, inclusive, que o coronavírus acabou sendo um acelerador dos futuros, porque ele mudou nosso modo de ser, viver, agir e trabalhar. Com isso acelerou-se a implementação de algumas tecnologias que já existiam, mas agora passaram a fazer parte do nosso dia a dia.
Luciano Roppa é médico-veterinário e CEO da Yes.
É importante ressaltar que essas tecnologias já vinham sendo desenvolvidas e havia claramente uma programação para que nessa década tivéssemos grandes transformações. Talvez, sejamos a geração que testemunhará a maior transformação digital da história da humanidade. Estamos vivenciando a época da convergência entre o físico, o biológico e o digital.
Entre as tecnologias que causarão mais mudanças no modo de se fazer pecuária destacam-se: a Internet das Coisas (IoT), o 5G, o Blockchain, a Realidade Aumentada (RA) e a Inteligência Artificial (IA). Juntas essas cinco tecnologias mudarão o nosso modo de vida. Os carros autônomos serão realidade em poucos anos; os aplicativos IoT tornarão as cidades, as casas e as indústrias mais inteligentes, principalmente com o advento do 5G. A termografia e o reconhecimento facial farão cada vez mais parte do nosso dia a dia; os robôs serão cada vez mais usados na medicina, transporte, indústria, recreação e atendimento; e a realidade aumentada se solidifica como um braço na medicina.
Na pecuária tudo faz parte da evolução 5.0, que é a gestão por meio de tecnologias digitais autônomas de decisão, ou seja, é a combinação dessas tecnologias mostradas (IoT, IA, 5G, Big Data, RA e Blockchain).
Em suinocultura essas novas tecnologias trazem para o setor mais sensores, com maior velocidade e mais inteligência artificial, possibilitando que as próprias tecnologias reajam aos dados coletados e tomem decisões sem necessitar da interferência humana/manual. Essa é a suinocultura 5.0: a soma dos sensores digitais, da robótica, da inteligência artificial e do 5G, na qual a tomada de decisão fica também a cargo das máquinas.
Essa tecnologia de emancipação dos sensores começa a ter uma ampliação notável em 2021, pois exatamente nesse ano estão sendo lançadas duas tecnologias importantes, que são o Edge Analytics (análise na ponta) e o Deep Learning (aprendizado profundo). Essas tecnologias configuram a análise dos dados coletados e a consequente resposta para serem feitas no próprio sensor que os coletou, sem a necessidade de envio para uma central de processamento ou nuvem.
Os sensores, atualmente em uso na suinocultura, captam e transmitem para o smartphone (ou computador) uma série de informações, tais como: temperatura corporal e do ambiente, umidade, concentração de gás carbônico, amônia, luminosidade, fluxo de ar, reconhecimento facial (por brinco ou colar), movimentos dos animais, sons (tosse, estresse), peso corporal, consumo de água e ração. A ação imediata sobre qualquer anormalidade informada, melhora a eficiência e o bem-estar dos animais.
Estamos testemunhando uma das maiores revoluções tecnológicas na sociedade que certamente contribuirão para aprimorar ainda mais a produção de proteína com qualidade e quantidade para alimentar o mundo.