Apesar do forte investimento chinês na recomposição dos plantéis suínos, reduzidos à metade desde o início do surto de Peste Suína Africana (PSA) iniciado em 2018, a suinocultura chinesa ainda apresenta alguns pontos de fragilidade, conforme explica o consultor de agronegócio do Itaú BBA, César de Castro Alves.
Segundo informações que partem do órgão da indústria pecuária apoiado pelo governo da China, desde o início do ano o preço do suíno caiu em torno de 65%, e em maio, o crescimento do plantel, conforme mídia estatal, foi de 24%.
“Essas quedas de preço podem ser a combinação dessa recuperação, mas também reflexo dos abates apressados e das mortes de animais devido a novos surtos de PSA neste primeiro semestre, aumentando a oferta de carne. Além disso, o período de verão chinês é de menor consumo de carne, o que também ajuda a pressionar os preços para baixo”, pontua Alves.
Um ponto conflitante à hipótese de alta oferta de carne suína local são os volumes da proteína importados pelo gigante asiático. No caso do Brasil, cerca de 60% do total embarcado para o exterior tem a China como destino, e mês a mês os volumes seguem com bom desempenho.
Entretanto, com essa queda drástica de preços na China e o registro nesta quarta-feira (23) do limite de baixa atingido para os contratos futuros de suínos em Chicago, é possível de que, no curto prazo, os chineses queiram renegociar os contratos para baixar os preços brasileiros.
“No mês de maio, a carne suína brasileira aumentou, em dólares, em torno de 4,6%. Este mês, na parcial do banco, vemos que o mercado está andando de lado, o que é um sinal de alerta”, disse.
Mesmo assim, Alves acredita que uma redução efetiva nos volumes embarcados deva ocorrer no longo prazo, uma vez que de acordo com dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), a china ainda precisa aumentar em 15 milhões de toneladas a produçãod e carne suína para retomar os níveis pré-PSA.