O uso de modelos matemáticos para simular a propagação de doenças do rebanho já é uma realidade no Rio Grande do Sul. A forma como o trabalho vem sendo conduzido no estado, utilizando um modelo complexo, trata-se de iniciativa inédita no país e no mundo. A afirmação é do chefe da Divisão de Controle e Informações Sanitárias da Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural, Francisco Nunes Lopes. Ele foi um dos 35 técnicos da Seapdr e Ministério da Agricultura, que participaram ao longo de quatro dias do workshop “Uso de Modelos de Transmissão para Simular a Propagação de Doenças no Rebanho”. Além destes, participaram da capacitação representantes da Cidasc, da Adapar e do Panaftosa. O encontro foi realizado na sede da Federação das Associações de Municípios do RS (Famurs), em Porto Alegre.
Conforme Lopes, a iniciativa demonstra a preocupação do estado com a utilização de tecnologia e informação de ponta. “O modelo utiliza um método de transmissão multinível e multiespécies envolvendo bovinos, suínos e pequenos ruminantes. Além disso, contempla a transmissão entre as espécies, tanto por contato direto, quanto pela disseminação pelo ar, o espalhamento espacial.” Segundo ele, o modelo foi montado em cima dos dados reais de movimentação do Rio Grande do Sul Rio Grande do Sul e de cadastro de propriedades georreferenciadas, e permite uma visualização de possíveis consequências e necessidades de ação mediante um eventual foco de febre aftosa.
O treinamento foi ministrado pelos professores da Universidade Estadual da Carolina do Norte (EUA), Gustavo Machado e Nicolas Cardenas, através do Acordo de Cooperação Técnica firmado entre a instituição, a Seapdr e o Fundo de Desenvolvimento e Defesa Sanitária Animal do RS (Fundesa-RS). O Fundesa foi responsável pelo financiamento do projeto, que envolve o desenvolvimento dos modelos e do aplicativo, a aquisição de um supercomputador para rodar os dados, e a realização da capacitação na capital gaúcha.
Para a diretora do Departamento de Defesa Agropecuária da Seapdr, Rosane Collares, além de ser um trabalho inédito, o curso representa um momento histórico para a Secretaria. “Estamos antecipando, planejando, tendo esse tempo de planejamento e de conhecimento. É diferente de tudo o que já vivemos. Fazer essa prevenção em momento de calma, de tranquilidade, de se preparar e criar ideias, faz com que tenhamos um futuro muito importante pela frente”, concluiu a diretora.
O presidente do Fundesa, que participou da abertura dos trabalhos na segunda-feira (17) afirmou que as ferramentas que está sendo colocadas à disposição no RS “representam avanço e a capacitação dos técnicos para que possamos ter ganhos e a condição de dar suporte à manutenção de uma sanidade animal no estado de forma diferenciada”.