A publicação, no diário oficial da União Europeia de dispositivo – dependente de regulamentação – que autoriza a utilização de proteínas à base de insetos na alimentação de aves e suínos foi saudada efusivamente pela IPIFF, sigla (em inglês) da Plataforma Internacional de Insetos para Alimentos e Rações, entidade europeia criada em 2012 para representar o setor produtor de insetos com fins nutricionais e que atualmente conta com cerca de 80 membros.
“Nosso setor aplaude a etapa final do processo de autorização de proteínas de insetos na ração de aves e suínos”, declarou a presidente do IPIFF, Adriana Casillas. Em linha com a política do IPIFF, “esta aprovação representa uma das principais prioridades regulatórias da entidade desde sua criação”, proclama Adriana Casillas, presidente do IPIFF.
Vista como um passo fundamental na expansão do setor europeu de produção de insetos, esta aprovação contribuirá para acelerar o programa da “Produção à Mesa”, uma vez que irá desempenhar um papel na promoção da circularidade na produção de alimentos, ao mesmo tempo em que melhora a sustentabilidade e autossuficiência de pecuária europeia. Após a autorização do uso de insetos em animais de aquicultura em julho de 2017, “consideramos esta aprovação um passo lógico – visto que as aves são insetívoros e os suínos são onívoros”, mencionou Aman Paul, 1º vice-presidente do IPIFF. Portanto, “esta reforma legislativa traz novas oportunidades para os setores de aves e suínos, já que os insetos representam uma fonte natural de proteínas de alta qualidade para animais não ruminantes”, explicou Christophe Trespeuch,
“Espera-se que esta autorização entre em vigor no final de setembro, vinte dias após a publicação no Diário Oficial da UE”, disse o Secretário-Geral do IPIFF, Christophe Derrien. O Secretariado do IPIFF sediará um webinar temático enfocando as consequências desta autorização no desenvolvimento do setor de insetos e os benefícios esperados do uso de PAPs (sigla, em inglês, para proteínas de origem animal) de insetos na alimentação de aves e suínos, definindo sua realização para 20 de setembro.
Em seu site (https://ipiff.org/) a IPIFF justifica a oportunidade da utilização de insetos como ingrediente de rações ou, mesmo, como integrante de alimentos finais, mencionando que “nosso planeta enfrenta enormes desafios devido ao crescimento populacional e à crescente competição por recursos escassos”. Destaca, especialmente, que
– A população mundial deve chegar a 9 bilhões até 2050 e, pelas estimativas da FAO, será preciso aumentar a produção de alimentos em 70%;
– Vem sendo estimado que o consumo e a demanda de carnes aumentem 72% entre 2000 e 2030, ao mesmo tempo que se prevê um déficit de 60 toneladas de proteínas em 2030 para atender à demanda esperada.
– A produção de ração animal está competindo cada vez mais por recursos (terra, água e fertilizantes) com a produção de alimentos humanos e /ou combustível. E ísso contribui para aumentar a pressão sobre o meio ambiente (por exemplo, abastecimento de água, desmatamento ou declínio do solo nos países produtores). Daí concluir que a utilização de insetos – integrando rações ou alimentos – represente parte da solução.