Há pouco mais de três anos, a China teve seu primeiro surto de peste suína africana (PSA). No início de 2019, houve um grande aumento na importação chinesa de proteína, à medida que o mercado procurava preencher a lacuna deixada pela queda na produção de carne suína. Os mercados internacionais de carne bovina e suína foram beneficiados por essa demanda. Nos últimos 12 meses, a produção de carne suína chinesa vem se recuperando, o que reduziu a demanda por carne suína importada.
No entanto, apesar de qualquer recuperação no rebanho de suínos, agora pode haver uma nova lacuna de proteína emergindo – pelo menos no curto prazo.
O Brasil fornece mais de um terço das importações de carne bovina da China, mas a carne brasileira está atualmente suspensa no mercado chinês. No ano, até outubro, a carne bovina brasileira representou cerca de 12% das importações chinesas de proteína de carne vermelha; ou 10% se incluirmos também a carne de frango.
Qualquer carne bovina que tenha saído do Brasil antes da proibição foi aceita pela China. O embargo veio em setembro, mas devido ao tempo de frete o efeito ainda não está aparecendo nos dados de importação da China. No entanto, podemos começar a ver isso nos dados de exportação do Brasil. Isso mostra que a maior parte da carne bovina não encontrou um escoamento alternativo, embora a Rússia tenha apenas um embargo de três anos à carne brasileira. O mercado doméstico brasileiro não deve oferecer um ambiente atraente para essa carne, já que a demanda está fraca em meio a um clima econômico incerto.
Para o mercado de carne bovina (e ovina) do Reino Unido, é provável que haja pouco impacto. O mercado de carne bovina do Reino Unido está relativamente isolado, já que o Reino Unido e a Europa têm apenas uma interação limitada com o mercado global (embora isso esteja mudando com o aumento do acesso do Reino Unido aos EUA). O mercado de ovinos já está apertado e com interação reduzida com a Nova Zelândia no momento.
No entanto, a indústria suína do Reino Unido poderia se beneficiar novamente, como antes. Dependerá da disponibilidade de pessoal do abatedouro, que atualmente é um desafio em nossa indústria nacional, e de uma recuperação no número de fábricas com acesso aprovado ao mercado. A Europa continental atualmente tem suprimentos abundantes de carne suína e a China também pode oferecer um escoamento para parte dessa carne. Os exportadores europeus também vêm sofrendo com a queda na demanda de importação chinesa.
Como essa possível lacuna proteica se desenvolverá dependerá de quanto tempo o embargo à carne bovina brasileira permanecerá em vigor e de quão sustentada é a recuperação do rebanho suíno chinês.