Mantendo a posição de líder mundial na exportação das carnes de frango e bovina e de quarto maior exportador do mundo da carne suína, em 2023 o Brasil deve aumentar as vendas externas das três carnes. O previsto pelo Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) é um aumento de 4% na exportação de carne de frango (4,8 milhões/t), de 1% na de carne bovina (2,975 milhões/t) e de cerca de 3% na de carne suína (1,335 milhão/t).
Como, em suas projeções sobre a carne de frango, o USDA desconsidera as exportações de pés/patas de frango, o volume previsto para o Brasil deve superar os 5 milhões de toneladas. Independente disso, será o maior aumento entre as três carnes, fato determinado não só pela competitividade do produto e pela firme demanda do mercado, mas também pelos desafios de produção enfrentados pelos principais concorrentes. A propósito são citados os surtos de Influenza Aviária na Europa e na América do Norte, o aumento dos custos de energia na União Europeia e os efeitos da guerra, com quebra da produção ucraniana e redução dos excedentes exportáveis entre os europeus.
A somatória desses eventos, prevê o USDA, fará com que o Brasil se beneficie de uma forte demanda global na medida em que, frente à inflação dos alimentos, os consumidores buscam uma proteína animal mais acessível. Mas além disso – acrescenta o órgão da Agricultura norte-americana – o Brasil exporta uma grande variedade de produtos (incluindo frango inteiro e cortes de peito) e, assim, atende a uma ampla gama de mercados. É citada, como exemplo, a exportação de produtos Halal para o Oriente Médio, cuja demanda em 2023 deve permanecer firme. Daí a previsão de que as exportações brasileiras corresponderão a quase 34% dos mais de 14 milhões de toneladas que devem ser exportados mundialmente em 2023.
Em relação à carne bovina, o USDA prevê que o produto brasileiro responderá por, aproximadamente, 25% das exportações mundiais, alcançando volume (2,975 milhões/t) superior ao registrado pelos volumes somados dos dois exportadores mais próximos, EUA e Nova Zelândia (1,510 milhões/t e 1,393 milhões/t, respectivamente).
A expectativa é a de que a China permaneça como principal importador do produto brasileiro, “a despeito da compra de um volume menor devido ao aumento da oferta doméstica”. Argentina e Uruguai, principais concorrentes do Brasil no mercado chinês, devem ter uma oferta mais ajustada, o que tende a limitar o produto exportável.
Além disso, o Brasil exporta apenas carne bovina desossada congelada para a China e a preços mais competitivos que a Nova Zelândia e a Austrália. Isto, frente à desaceleração econômica, torna seus embarques mais atrativos. E como prevê que as exportações da Índia devem permanecer inalteradas, o USDA estima que os embarques brasileiros para o Oriente Médio e o Sudeste Asiático devem crescer em 2023.
No tocante à carne suína, o USDA afirma que representarão, aproximadamente, 10% do total exportado mundialmente. Mas, pelos próprios números do órgão, o volume previsto (1,335 milhão/t) corresponde a quase 13% dos cerca de 10,5 milhões de toneladas apontados.
A China permanecerá como o principal mercado de destino do produto brasileiro, mas, devido ao aumento da oferta interna, as importações totais da China devem apresentar retrocesso. Permanecem como firme mercado do produto brasileiro a América do Sul e o Sudeste Asiático, aqui inclusas as Filipinas, onde a peste suína africana continua restringindo a produção.
No total, as exportações mundiais de carnes de 2023 devem aproximar-se dos 37 milhões de toneladas. Se as previsões do USDA se confirmarem, o Brasil responderá por cerca de 25% desse volume.