Os frigoríficos JBS, BRF, Marfrig e Minerva ganharam, somados, cerca de R$ 3,8 bilhões em valor de mercado na B3 desde terça-feira (12/3), quando a China anunciou a habilitação de 34 unidades industriais e quatro entrepostos do Brasil para exportação de carnes a seu mercado.
De acordo com levantamento do Valor Data, a JBS ganhou, sozinha, R$ 2,66 bilhões em valor de mercado no período. A companhia teve dez plantas aprovadas pelos chineses, além de outras duas de sua controlada Seara.
Na sequência, a BRF aparece com um saldo positivo de R$ 639,3 milhões em dois dias de negociações na bolsa. A empresa havia ganhado R$ 689,8 milhões na data em que as aprovações da China foram divulgadas, mas perdeu R$ 50,5 milhões no pregão de ontem.
A Marfrig, por sua vez, somou ganhos de R$ 382,1 milhões, e a Minerva outros R$ 133,6 milhões, segundo o Valor Data.
Ontem, as ações da JBS e Marfrig lideraram os avanços do setor de proteína animal no pregão da B3, com altas de 3,15% e 2,69%, respectivamente, para R$ 23,26 e R$ 9,94 por ação. A Minerva também encerrou o dia no campo positivo, com alta de 1,76% para R$ 6,92 por ação. A BRF foi a única a ficar no vermelho, com leve queda de 0,18% a R$ 16,99.
O movimento da China foi visto com bons olhos pelos investidores, enquanto analistas divergem sobre as empresas listadas que serão mais ou menos beneficiadas.
“Em nossa opinião, a grande vencedora desta rodada de autorizações foi a JBS, que mais que dobrou seu potencial de exportação de carne bovina para a China”, afirmou o Citi em relatório assinado pela analista Renata Cabral.
Em contrapartida, o analista do Itaú BBA Gustavo Troyano afirma que o segmento de carne bovina da JBS — que foi o mais beneficiado pelos chineses nesta rodada — representa apenas 13% da estimativa do banco para o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) da JBS em 2024. “Portanto, esperamos um impacto limitado”, observou o analista.
Sobre a BRF, a avaliação do BTG foi de que se trata apenas de uma “jogada dinâmica” para a companhia de alimentos, que teve uma nova planta em Chapecó (SC) habilitada pela China. Ou seja, a medida não teria impacto expressivo, na visão dos analistas Thiago Duarte e Henrique Brustolin.
O estrategista-chefe da RB Investimentos, Gustavo Cruz, disse que a BRF não foi um dos principais focos dos investidores porque a maior parte das habilitações chinesas foi destinada a empresas de carne bovina.
“Minerva sempre é beneficiada por mais possibilidades de exportação para a China, por ter diretamente uma receita relevante vinda da China”, comparou. “E JBS é a maior beneficiada, pelo número de plantas liberadas”, acrescentou.
Troyano, do Itaú BBA, destacou a habilitação da unidade da Marfrig em Bataguaçu (MS) como um ponto relevante.
Os especialistas do BTG lembraram que, há alguns anos, ter plantas autorizadas a exportar à China era um grande diferencial para qualquer produtor de carnes por causa dos prêmios pagos pelos chineses, mas que essa vantagem praticamente inexiste hoje. Ainda assim, as aprovações vão elevar as receitas com exportações do setor.