Preço da carcaça aumentou 0,8% desde janeiro, enquanto na carne bovina e de frango a valorização ultrapassou os 20% nesse período
Mesmo com a alta acumulada ao longo do ano, a carne suína não acompanhou o ritmo de valorização do produto bovino e do frango. É o que mostra um levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Esalq/USP. De acordo com a pesquisa, a carcaça especial suína subiu 0,8% de janeiro a outubro deste ano frente a igual período de 2020, chegando à média de R$ 10,54 por quilo em 2021 em valores deflacionados pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de setembro. Na mesma base de comparação, a carcaça bovina e o frango inteiro resfriado avançaram 21,4% e 28,8%, respectivamente, com médias de R$ 20,44 e R$ 7,09 por quilo.
Para o presidente da Associação de Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul (Acsurs), Valdecir Folador, o desempenho mais fraco do produto suíno pode ser explicado pelos baixos valores de exportação, que funcionam como bússola para os preços internos. Dependentes da China, os produtores têm pouco poder de barganha para estabelecer preços maiores nos contratos de venda ao país asiático. “A suinocultura não tem outro destino para esta carne, e temos de continuar exportando mesmo que o preço não seja atrativo”, diz Folador. Em setembro, o Brasil exportou mais de 100 mil toneladas de carne suína, das quais quase 60% foram enviadas ao mercado chinês, afirma.
O presidente do Conselho Consultivo da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Francisco Turra, diz que, em 2020, a carne suína obteve uma recuperação, enquanto a de frango mostrou grande defasagem frente aos custos de produção. “Tudo acontece pela lei da oferta e da procura. O frango foi subindo (neste ano) porque o mercado foi absorvendo”, explica. Com a aproximação das festas de fim de ano, o executivo projeta maior consumo de carne suína e avanço dos preços. A demanda dos países asiáticos também deve crescer nesse período.