Mercado de suínos volta a se aquecer: com início da colheita da segunda safra de milho, custos se mantém em queda. Confira a análise completa do mercado de suínos no mês de junho.

Os últimos 30 dias foram de apreensão no setor de proteínas, em função da ocorrência de gripe aviária em granja comercial no Rio Grande do Sul. Como era esperado, houve impacto direto na redução temporária das exportações de frango do país, o que levou a um movimento especulativo em todo mercado de carnes, pressionando os preços para baixo. Especificamente na cadeia de suínos, cuja oferta está muito ajustada com a demanda, foi possível perceber o impacto rapidamente, pois já na semana seguinte à notificação do foco (feita dia 16/05), as cotações nas principais praças recuaram (tabela 1 e gráfico 1).

Destaque em azul para movimento de alta e amarelo para movimento de baixa
Elaborado por Iuri P. Machado, com dados da BESEMG.

Fonte: CEPEA
Enquanto o frango experimentou um recuo de mais de 17% nos volumes exportados em maio (comparado com abril), o suíno continua batendo recordes históricos de embarques, mês a mês, quando comparado com os anos anteriores; no acumulado de janeiro a maio, em relação ao mesmo período de 2024, já foram pouco mais de 73 mil toneladas (16,8%) de incremento nas exportações de carne suína in natura brasileira (tabela 2), mesmo com a China perdendo posições no ranking de nossos compradores (tabela 3).

Elaborado por Iuri P. Machado, com dados da Secex.

Elaborado por Iuri P. Machado, com dados da Secex.
O IBGE divulgou os números definitivos de abate do primeiro trimestre de 2025, confirmando a retomada, ainda que tímida, crescimento da produção de suínos do Brasil. Também foram divulgados os dados de abate por estado, com destaque para alta do Rio Grande do Sul e Minas Gerais e queda em São Paulo e Mato Grosso do Sul, quando comparado com o mesmo período do ano passado (tabela 4).

Ranking estabelecido sobre toneladas de carcaças em 2025
Elaborado por Iuri P Machado sobre dados definitivos do IBGE
Obviamente que, com a produção de suínos crescendo muito pouco e as exportações em alta considerável, a oferta no mercado doméstico fica limitada e presumivelmente menor que nos primeiros cinco meses do ano passado, o que, certamente, contribuiu para a retomada do viés de alta das cotações do suíno vivo e das carcaças nos últimos dias (gráfico 1 e gráfico 2), já sem a pressão dos embargos parciais e temporários das exportações de frango e na iminência do Brasil retomar o status sanitário de antes da notificação de do foco de gripe aviária no RS.

Fonte: CEPEA
Início da colheita da “safrinha” de milho e farelo de soja ainda em queda, determinam margens positivas na atividade
A CONAB divulgou, no último dia 12, o nono levantamento da safra 2024/25, com acréscimo, agora de pouco mais de 1 milhão de toneladas de milho, em relação ao levantamento anterior, sendo que só para a segunda safra (safrinha), cuja colheita já começou na região Centro-oeste, a entidade projeta um volume de 101 milhões de toneladas, totalizando mais de 128 milhões de toneladas no somatório das três safras nacionais do período 2024/25. Esta expectativa de boa safra brasileira, aliada a expectativa de safra de milho norte-americano superior a 400 milhões de toneladas contribuiu para a queda contínua das cotações do cereal nas últimas semanas (gráfico 3).

Fonte: CEPEA
O farelo de soja, outro insumo importante para atividade suinícola, continua em queda, sendo comercializado em algumas praças, próximo a R$ 1.600 a tonelada (gráfico 4).

Fonte: https://www.agrolink.com.br
Esta queda no valor dos principais insumos, mesmo com recuo temporário dos preços do suíno, tem permitido boa relação de troca do suíno vivo com o MIX de milho + farelo de soja (gráfico 5) e determinado margens financeiras melhores que no ano passado (tabela 5).

Composição do MIX: para cada quilograma de MIX, 740g de milho e 260g de farelo de soja.
Elaborado por Iuri P. Machado com dados do CEPEA – preços estado de São Paulo

Elaborado por Iuri P. Machado com dados: Embrapa (custos), Cepea (preço do suíno)
Para o presidente da ABCS, Marcelo Lopes, nem a gripe aviária, nem o tarifaço do Trump afetaram significativamente a suinocultura brasileira. “Por enquanto a nossa produção navega em águas calmas, às portas do segundo semestre, que promete ser ainda melhor com o tradicional aquecimento sazonal da demanda por carnes e a disponibilidade relativamente abundante de milho e farelo de soja”, conclui.