Ao anunciar que o valor da produção agropecuária brasileira de 2022 deve superar R$1,2 trilhão, comunicado de imprensa divulgado pelo Ministério da Agricultura e reproduzido automaticamente pelos meios de comunicação (inclusive pelo AviSite) acrescenta que, no primeiro trimestre “… além da redução da quantidade exportada de carne de frango, houve redução de 42,6% nas exportações de carne suína em relação ao trimestre de 2021, e redução de 18,0% na quantidade de carne bovina”.
Houve, sem dúvida, erro na interpretação dos dados por parte de quem redigiu esse texto. Porque, excetuada a carne suína, as outras duas carnes vêm obtendo resultados considerados acima do normal. Tanto que, a despeito das reduções enfrentadas pela carne suína, o saldo global das três carnes no primeiro trimestre foi positivo em termos de volume (+13%, praticamente) e de preço (+23,06%). O que, por decorrência, se reflete ainda mais na receita cambial, quase 40% maior que a de idêntico trimestre do ano passado.
É verdade que, nesses índices, estão compreendidas somente as carnes in natura (o MAPA ainda não divulgou os dados globais relativos ao primeiro trimestre). Mas, com certeza, os processados somente reforçaram esses ganhos.
Repetindo, pois, apenas a carne suína fechou o trimestre com resultados negativos, registrando queda de quase 5% no volume embarcado, de mais de 10% no preço médio e de quase 17% na receita cambial.
Tais perdas, no entanto, foram revertidas, sobretudo pela carne bovina, cujos embarques aumentaram perto de 37% e foram acompanhados de um incremento de mais de 22% no preço médio. Como efeito, a receita cambial do setor aumentou 67%.
A carne de frango também participou dessa reversão, pois além de seu volume ter aumentado quase 9%, seu preço médio registrou incremento próximo de 20%. Com isso, o produto gerou receita cerca de 30% superior à do primeiro trimestre de 2021.
A ressaltar que, nos primeiros nove dias úteis de abril a receita cambial das carnes ficou próxima dos US$600 milhões. A esta altura do ano, portanto, a receita cambial das carnes anda por volta dos US$5,5 bilhões, 12% a mais, no mínimo, que o registrado no primeiro quadrimestre de 2021.