Ao menos dez frigoríficos gaúchos paralisaram totalmente os abates e outra unidade cancelou os trabalhos em um dos turnos nesta quinta-feira (2/5) em função das fortes chuvas que atingem o Rio Grande do Sul, segundo relatos feitos pelas empresas ao Ministério da Agricultura.
Diante da situação de calamidade, auditores fiscais federais agropecuários que atuam no Estado decidiram suspender a mobilização por reestruturação da carreira que afetava o ritmo dos trabalhos e vão concentrar esforços para evitar maiores transtornos ao setor agropecuário local.
Os abates foram cancelados em nove municípios prejudicados pelo clima hostil no Estado. As unidades que paralisaram totalmente as atividades foram: Cooperativa Dália Alimentos (Arroio do Meio), JBS (Caxias do Sul), Carrer Alimentos (Farroupilha), BRF aves (Lajeado), BRF suínos (Lajeado), Companhia Minuano de Alimentos (Lajeado), Frigorífico Floresta (São Gabriel), Agrosul Agroavícola Industrial (São Sebastião do Caí), Frigovale (Teutônia) e Cooperativa Languiru (Westfália). O Frigorífico Nicolini, de Garibaldi, na serra gaúcha, interrompeu os trabalhos no primeiro turno.
A maior parte das unidades realiza abate de aves e suínos. Em nota, a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) disse que “acompanha com preocupação e consternação a situação de calamidade e os levantamentos logísticos e extensão de prejuízos ocorridos no Rio Grande do Sul”. A entidade acrescentou que, com base em relatos das entidades locais, há informações iniciais de “impactos em determinados núcleos de produção, ainda não quantificados”.
De acordo com o presidente da Associação de Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul (ACSURS), Valdecir Luis Folador, o principal problema enfrentado pelas indústrias se deve ao impacto logístico provocado pelas chuvas, com destruição de pontes e interdição de estradas, impedindo a retirada de animais e entrega de ração e outros insumos necessários para a produção.
“A princípio o que tenho conhecimento nenhuma granja foi afetada pela enchente ou destruída, mas é mais a questão logística que está afetando. Amanhã, se o tempo começar a colaborar, parar as chuvas e os rios começarem a baixar, aos poucos as coisas começam a voltar ao normal”, observa Folador.
Ainda de acordo com o presidente da ACSRS, a dimensão dos estragos provocados é “imensa”. “A severidade de estrago que aconteceu nessas infraestruturas de trânsito é imensa. Serão muitos dias, semanas, meses e em alguns casos anos para conseguir resolver. É uma catástrofe jamais vista nessa proporção. O que aconteceu em setembro do ano passado na região do Vale do Taquari não passa nem perto do que está acontecendo hoje”, compara o produtor.
Dias difíceis
O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, afirmou que o Estado vai passar por “dias difíceis” mesmo após a normalização do clima na região e agradeceu aos servidores da Pasta que suspenderam a “operação padrão” neste momento.
“Eles tiveram a sensibilidade. O Estado do Rio Grande do Sul vai passar por dias difíceis, mesmo depois dessas enchentes baixarem. Precisamos de deslocamento de animais, precisamos de abates intensificados para voltar as escalas aos ritmos normais nesses 10 ou 11 frigoríficos que estão submersos”, disse a jornalistas nesta quinta-feira.
“Tem 10 frigoríficos que foram atingidos pelas enchentes. Vai ter que ter abate, vão ter municípios com dificuldades de acesso para alimentação animal”, completou o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin.
O Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais Federais Agropecuários (Anffa Sindical) afirmou, em nota, que os servidores “decidiram suspender a mobilização no Rio Grande do Sul em razão da situação, de forma a não deixar cargas paradas, caminhoneiros nas estradas, e para liberar o máximo possível de importações de alimentos”, por exemplo. Os auditores avaliam, inclusive, a possibilidade de realizar uma força-tarefa no Estado para não deixar nenhuma demanda represada, concluiu a entidade.