Em até três anos, as cadeias produtivas de frangos de corte e suínos do Brasil deverão ter protocolos de produção sustentável e rastreabilidade definidos. Em maio, quatro centros de pesquisa da Embrapa e a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) assinaram parceria para desenvolvimento dos requisitos básicos a partir do Sistema Brasileiro de Agrorrastreabilidade (Sibraar), desenvolvido por equipe da Embrapa Agricultura Digital.
Para manter e ampliar a posição que ocupa entre os maiores produtores e exportadores de proteína de suínos e frangos de corte do mundo, atendendo legislações internacionais e nacionais, como a Lei do Autocontrole, o segmento terá de investir em elevados padrões de produção sustentável e rastreabilidade para garantir o cumprimento das metas regulatórias.
O Decreto nº 12.031 regulamenta a inspeção e a fiscalização obrigatórias dos produtos destinados à alimentação animal em suporte à legislação e foi publicado há um mês – o primeiro segmento a ser regulado pela defesa agropecuária.
O acordo de cooperação técnica com a ABPA teve incentivo e articulação do presidente do Conselho de Administração da Embrapa (Consad), Carlos Augustin, e vai nessa direção. A parceria prevê que informações sobre práticas, processos e tecnologias utilizados pelas agroindústrias das referidas cadeias produtivas sejam disponibilizadas via códigos de barras 2-D na embalagem dos produtos associados a selos de reconhecimento de produção sustentável da ABPA, como o Brazilian Pork.
Everton Krabbe, chefe-geral da Embrapa Suínos e Aves, observa que “apesar de muitas empresas do setor já terem seus sistemas próprios de rastreabilidade, a proposta visa uma padronização de ações resultando em um programa nacional. Será uma ação complementar àquilo que muitas empresas já praticam”.
De acordo com Alexandre de Castro, pesquisador da Embrapa Clima Temperado, líder da proposta, “o projeto contempla desde a definição de critérios básicos de rastreabilidade, até o desenvolvimento do modelo de rastreabilidade e sua validação em empresas e cooperativas associadas”. O sistema utiliza a tecnologia digital blockchain para oferecer ao consumidor informações sobre a qualidade e procedência dos produtos.
“O Sibraar atua na identificação, rastreabilidade, monitoramento de processos e certificação de produção, permitindo ainda a integração de dados junto aos canais de distribuição, incluindo atacadistas, varejistas e consumidores”, informa Anderson Alves, coordenador de negócios da Embrapa Agricultura Digital.
”A união de esforços entre as instituições chega para atender uma demanda premente pela implementação de requisitos mínimos de rastreabilidade para exportação de produtos com origem nas cadeias produtivas de frangos de corte e suínos”, Marcelo Medina Osório, diretor de relações institucionais da ABPA.
Papéis
A associação representa as empresas e cooperativas que atuam nos elos de produção a campo e no processamento agroindustrial do segmento e vai apoiar a organização do painel técnico e o acompanhamento e auxílio para a realização da atividade.
A Embrapa Agricultura Digital, a Embrapa Clima Temperado, a Embrapa Suínos e Aves e a Embrapa Trigo integram o acordo. A equipe da Embrapa Clima Temperado lidera o projeto e atuará com a unidade de Campinas no desenvolvimento do modelo de rastreabilidade e na mediação do contato com associados para participar da validação do modelo.
Além de gerir a elaboração de protocolo com requisitos de produção sustentável para as cadeias produtivas com as demais Unidades, a Embrapa Suínos e Aves vai apoiar a sistematização, tratamento e apresentação de dados. Auxiliará no planejamento e na análise estatística dos dados levantados bem como na organização e otimização de processos informatizados.
Já a Embrapa Trigo vai colaborar na adaptação e implementação de cadernos de campo em sistema de rastreabilidade digital, contemplando os requisitos básicos da produção de cereais de inverno. ”O objetivo é atender a demanda do mercado consumidor que exige mais transparência no processo produtivo”, conta a pesquisadora Casiane Tibola.
Segundo ela, além de ampliar o uso das áreas no inverno, o projeto também vai contribuir para demandas em ESG (Environmental, Social and Governance) com menor emissão de gases de efeito estufa no transporte de grãos enquanto a indústria de alimentação animal poderá absorver a produção local de cereais de inverno.